(FOTO/João Bita) |
O surto de microcefalia em Pernambuco, Estado que ocupa a primeira colocação no ranking de notificações no País – 874 casos suspeitos até o momento -, foi assunto de audiência pública promovida, na manhã da última terça (15), pela Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa. No encontro, profissionais que estão lidando com a questão apresentaram as ações tomadas para identificação dos casos, bem como as políticas que estão sendo pensadas pelo poder público para atender essa geração de crianças nascidas com a má-formação.
O presidente do colegiado, deputado Odacy Amorim (PT), informou que o grupo parlamentar acompanhará o surto e suas consequências, reunindo informações, cobrando ações do Poder Executivo e identificando as responsabilidades. “Vamos esgotar todas as possibilidades de encaminhamentos na Comissão de Saúde e na comissão especial que será criada na Casa para tratar do tema. No entanto, pondero que a instauração de uma futura CPI pode ser o caminho para tratar desse assunto de tamanha gravidade”, pontuou.
“Queremos acompanhar como o Estado vai atuar para garantir atendimento especializado e multiprofissional a essa geração que foi sacrificada por falhas nas políticas de prevenção e combate ao Aedes aegypti”, acrescentou Socorro Pimentel (PSL), que propôs a criação da comissão especial. “Para evitar novos casos, precisamos do empenho de todas as prefeituras para erradicar os criadouros dos mosquitos, que são os vetores do Zika vírus”, complementou o deputado Dr. Valdi (PP).
O diretor de doenças transmissíveis da Secretaria Estadual de Saúde (SES), George Duarte, apresentou ações da pasta realizadas desde o dia 22 de outubro, quando foi identificada alteração no padrão de ocorrências de microcefalia no Estado. Segundo o profissional, 142 municípios pernambucanos já registraram casos da doença, com destaque para o Recife (18,3% das notificações) e Jaboatão dos Guararapes (8%), ambos na Região Metropolitana. “Estamos estudando se o surto está sendo causado pela associação da infecção do Zika vírus com outras variáveis”, ressaltou.
Neurologista do Imip – um dos centros de saúde que vêm recebendo esses pacientes em Pernambuco -, Geraldo Furtado alertou para a necessidade de o Estado se preparar para “atender pacientes que vão necessitar, por muitos anos, de cuidados especiais oferecidos por uma equipe multiprofissional”. Representando a Secretaria de Saúde do Recife, Ana Renata Lemos informou que “os profissionais envolvidos no caso estão discutindo formas de ampliar os serviços de reabilitação disponíveis hoje à população”.
Pai de uma criança de dois anos diagnosticada com microcefalia, Israel de Moura reafirmou a necessidade de apoio não só aos bebês com má-formação, mas também a seus familiares. “Compartilho minha experiência e digo que essas famílias precisarão de apoio psicológico para lidar com essa realidade”, concluiu.
APLICATIVO - A audiência pública desta terça também recebeu o professor Marcílio Souza Júnior, um dos criadores do aplicativo para smartphones Doe+, desenvolvido pelo Instituto Federal de Alagoas para estimular a doação de sangue no Estado. A ferramenta busca atrair doadores, divulgar a situação dos estoques por tipo sanguíneo e facilitar o agendamento para os voluntários. “O aplicativo é gratuito e está disponível na Google Store. Seu público-alvo são os jovens, que não têm ainda a cultura da doação”, explicou.
Representando o Hemope, Ana Lúcia Sena reconheceu a importância do desenvolvimento da ferramenta para ampliar o estoque de sangue e defendeu o seu aproveitamento em Pernambuco, ressalvando, no entanto, “que, paralelo a esse movimento, é necessário preparar e qualificar toda a estrutura dos bancos para receberem esses doadores”.
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