quinta-feira, 14 de abril de 2016

Comissão Especial discute situação de famílias de crianças com microcefalia

Socorro Pimentel vai levar as demandas ao governo de PE. (FOTO/ Rinaldo Marques)
Da Redação

Para debater os principais obstáculos enfrentados pelas famílias dessas crianças no Estado, a Comissão Especial de Acompanhamento aos Casos de Microcefalia em Pernambuco realizou audiência pública, ontem (13), presidida pela deputada Socorro Pimentel (PSL), para colher relatos que vão subsidiar o relatório do colegiado.

Mãe de Guilherme, bebê com microcefalia, Germana Soares, que integra a União das Mães de Anjos (UMA), classificou como “humilhante” a situação a que são submetidas as famílias. “Nós realizamos os exames em nossas crianças, mas ficamos sem acesso aos laudos, que dão direito ao recebimento de remédios. Não posso dizer para o meu filho esperar a boa vontade das pessoas, porque as convulsões não esperam e, enquanto isso, ele sofre”, lamentou. Ela também questionou o que levou Pernambuco a ser o Estado com maior número de casos notificados e confirmados de microcefalia.

Fundadora da Aliança das Mães e Famílias Raras (Amar) e mãe de Pedro Henrique, que tem a síndrome de Cri-Du-Chat, Pollyana Dias afirmou que a microcefalia sempre existiu. “Temos a situação de pessoas com outras deficiências – cerca de 27% da população do Estado -, que também sentem a falta de políticas públicas”, completou.

Vice-presidente da Amar, Daniela Rorato fez um apelo ao Parlamento estadual em defesa da aprovação de uma lei que reconheça as mães dessas crianças como profissionais cuidadoras, atribuindo a elas remuneração. “A maioria dessas mulheres é cuidadora 24 horas por dia, precisando ainda ser chefe de família. Estatísticas revelam que 70% das mães de filhos com deficiência são abandonadas pelos maridos”, argumentou.

Ao final da audiência, a presidente do colegiado, Socorro Pimentel (PSL), garantiu que a Comissão levará todas as demandas das famílias ao Governo do Estado por meio de relatório, e também dará um retorno à sociedade. “Faremos isso para que a atuação desse colegiado não se resuma a palavras apenas. Para que se concretize em ações”, declarou.

Com a maioria dos casos concentrados na região Nordeste, o Ministério da Saúde já confirmou o nascimento de 1.113 bebês com microcefalia e/ou outras alterações do sistema nervoso no País. Os dados integram o mais recente boletim epidemiológico – divulgado pelo órgão nessa terça (12) –, que contabiliza os casos desde outubro do ano passado. Pernambuco permanece no topo do ranking, com 312 ocorrências confirmadas, em 95 municípios. Esse número representa 28% dos casos no Brasil.

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