sexta-feira, 8 de abril de 2016

Comissão avalia que atendimento à microcefalia precisa chegar a cidades menores

As deputadas visitaram a AACD. (FOTO/João Bita)
Pela Redação

Apesar de adequado, o atendimento às vítimas da microcefalia em Pernambuco ainda precisa ser garantido também nos municípios mais distantes da capital. Foi essa a avaliação da Comissão Especial que acompanha os casos da doença no Estado, em visita, nesta quinta (7), à Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD) do Recife. Referência na atenção a famílias e pacientes, a entidade é parceira da Secretaria Estadual de Saúde (SES) na identificação e no acompanhamento das ocorrências, e atualmente cuida de 130 crianças com diagnóstico confirmado.

A recepcionista Maria Paula, do Recife, mãe de uma menina com microcefalia, levou a filha para exames com a equipe multidisciplinar da instituição e elogiou o atendimento oferecido em unidades da rede pública. “Até agora fomos muito bem atendidas, desde a maternidade até o posto de saúde próximo à minha casa”, contou. Neuropediatra e gerente médica da AACD, Vanessa Van der Linden confirmou que as unidades de saúde estaduais têm se esforçado para oferecer a melhor resposta possível ao surto, embora ainda falte apoio em municípios menores. “A maior dificuldade é ter profissionais capacitados fora dos grandes centros, o que já é um desafio mesmo para o Recife”, apontou.

De acordo com a especialista – uma das primeiras a relatar o crescimento incomum do número de casos em Pernambuco –, outro grave problema é a pouca oferta gratuita de remédios para as complicações relacionadas à microcefalia, como convulsões e dificuldade de deglutição. “O Estado e as prefeituras precisam fornecer os medicamentos,” salientou.

A deputada Simone Santana (PSB) lembrou que, embora o diagnóstico já seja feito fora da capital – como em Caruaru, Serra Talhada e Petrolina –, é preciso capacitar equipes de saúde nos municípios para encurtar o tempo do tratamento e reduzir os custos para as famílias. “Um atendimento quase diário com fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, psicólogos e nutricionistas, mesmo sem muitos recursos, consegue trazer benefícios importantíssimos para as crianças”, avaliou.

Presidente do colegiado, Socorro Pimentel (PSL) reforçou a necessidade de descentralizar a atenção às mães e bebês, e adiantou que o assunto deve compor o relátório da Comissão Especial ao final dos trabalhos. “Estamos visitando os serviços de referência e me deixa muito tranquila ver que as coisas estão acontecendo”, afirmou. “Mas a quantidade de neuropediatras no Estado continua limitada e está clara a importância de capacitar os profissionais da rede pública”, salientou.

Segundo o último boletim publicado pela SES, no início da semana, 303 ocorrências da doença foram confirmadas em Pernambuco, sendo 129 relacionados ao zika vírus. A Região Metropolitana do Recife concentra a maior parte dos pacientes, mas há casos suspeitos em cidades de todas as regiões. Recife (55), Jaboatão dos Guararapes (26) e Olinda (15) são os municípios de maior incidência.


Nenhum comentário:

Postar um comentário