quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Transporte escolar continua em paus de arara e ônibus precários em Araripina, PE


Mesmo depois do acidente ocorrido no final do mês de julho e que matou uma criança de quatro anos de idade ao cair de uma caminhonete improvisada que fazia o transporte escolar, nada mudou para os alunos da rede pública de Araripina, cidade do Sertão pernambucano.
É comum encontrar ônibus escolares com bancos, tetos e assoalhos danificados, transportes sem identificação adequada e sem vistoria. Algumas crianças ainda são transportadas na carroceria de caminhonetes, chamadas de 'paus de arara', sem equipamentos de segurança. 
A precariedade do transporte escolar fornecido pelo município já deixou vítimas. A mais recente, foi a filha da agricultora Valdenice Rodrigues, que no dia 24 de julho deste ano, sofreu um acidente e veio à óbito.
A mãe explica que a menina caiu de uma caminhonete contratada pela prefeitura da cidade para levar ela e outras crianças até a escola. “É só lamentação, não pode fazer mais nada. Se conformar, ela está com Deus, é um anjinho. A gente não tem nada na vida e tem que deixar os filhos aprender”, lamenta.
A delegada da Polícia Seccional do Araripe, Catyanna Alencar, relata que a menina viajava na cabine da caminhonete quando a porta se abriu e ela caiu do veículo em movimento. “Segundo depoimentos dos interrogados, a criança abriu a porta do carro em movimento e caiu e bateu a cabeça no chão. Temos que ouvir as outras duas crianças para saber se a porta foi travada direito e assim saber o que de fato aconteceu”, ressalta.
O carro que fez da menina uma vítima ainda será periciado para saber se houve uma falha mecânica. De acordo com o motorista, José Cordeiro Dos Santos, o veículo que fazia o transporte estava irregular. “Nunca foi vistoriado”, afirma ele.
Os exemplos de irregularidades não são isolados e podem ser observados cotidianamente no município. Na rota que ocorreu o acidente, agora o transporte é feito por um micro-ônibus que também está irregular. A janela da porta está protegida apenas por um plástico, os pneus estão carecas e não há sinalização indicando que o carro faz o transporte de estudantes.
Banco danificado (Foto: Reprodução/TV Grande Rio)Banco danificado
(Foto: Reprodução/TV Grande Rio)
As dificuldades não se restringem a Zona Rural de Araripina, o transporte é precário também dentro da cidade. Nossa equipe encontrou ônibus circulando sem bancos, encostos e com tetos danificados. Em um dos veículos, o encosto estava amarrado com um barbante, as instalações elétricas expostas e as laterais faltando pedaços.
Para chegar às escolas, as crianças viajam sentadas no motor dos ônibus, na beira das portas. Entretanto, esta é a única alternativa para muitas famílias humildes que moram longe da escola.
O vidro do ônibus é improvisado com plástico (Foto: Reprodução/TV Grande Rio)O vidro do ônibus é improvisado com plástico
(Foto: Reprodução/TV Grande Rio)
A estudante Francisca Paula Moraes lamenta o transporte que a conduz todos os dias. “O ônibus precisa ser ajeitado ou tem que mandar outro”. Já Wilker Braulio da Silva, também estudante diz que é o esforço de aprender que faz ele enfrentar a situação.“Não tem outro transporte para vir para escola. Esse é o jeito. Para estudar a gente faz de tudo”.
De acordo com a Lei Federal nº 10.709/2003, a responsabilidade do transporte escolar dos alunos matriculados em sua rede ensino é dos municípios, exceto o trasnporte de alunos de escolas particulares, estaduais e federais.
O assessor especial da Prefeitura de Araripina, Ricardo Arraes, admite as falhas encontradas no transporte escolar.  “Tem isso no Brasil inteiro. É errado, mas a gente tenta melhorar esses serviços”.
G1 Petrolina

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